“Cozinha das Tradições” percorre territórios tradicionais do RJ para construir a alimentação do 12º CBA

Equipe da Cozinha das Tradições do CBA realiza encontros em territórios ocupados por povos e comunidades ancestrais para encontrar a memória culinária do estado do Rio de Janeiro e planejar em conjunto o espaço destinado à valorização desses fazeres tradicionais

A primeira oficina foi na casa de Dona Juju, cozinheira tradicional de Majé (RJ)

Falar de agroecologia significa falar sobre alimentação saudável, diversa e que contém histórias desde a hora que é cultivada até o seu preparo. Apresentar comidas ricas em nutrientes, preparadas de maneiras tradicionais por pessoas que trabalham junto com a terra, é um dos objetivos do 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA), que acontece entre os dias 20 e 23 de novembro no Rio de Janeiro (RJ).

Durante o Congresso, será montada a Cozinha das Tradições, com materiais tradicionais e oficinas culinárias aos participantes. Para que essa Cozinha torne-se realidade, a Comissão de Alimentação do 12º CBA está realizando rodadas de visitas a territórios tradicionais do estado do Rio de Janeiro.

Nos encontros, marcados por boas conversas e muita fartura em torno das mesas, são realizadas oficinas para levantar as memórias e as histórias alimentares de cada território. São momentos de abrir caminhos para planejamentos em conjunto sobre a Cozinha das Tradições, que vai ocupar um espaço da Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI-UERJ), durante o CBA.

Quintal com ervas e temperos são cenários comuns nas visitas, e não seria diferente no Quilombo Astrogilda, no Maciço da Pedra Branca

Esse espaço vai reunir diversos segmentos culturais das cozinhas tradicionais, como a de roça, a quilombola, a de rua, a agroecológica com aproveitamento alimentar, a de referência nordestina, a de santo, a que abrange o samba do Rio de Janeiro, entre outras.

“A gente tem feito oficinas em territórios tradicionais para entender os mapas alimentares na cidade e no estado do Rio de Janeiro. Estamos construindo coletivamente essa Cozinha, e vamos montá-la a partir desses elementos levantados nas oficinas, com a participação de mestras e mestres que são reais detentores desses saberes”, diz Danielle Theodoro, uma das organizadoras da Cozinha das Tradições.

Até o momento, a Comissão de Alimentação responsável pela Cozinha realizou visitas à cidade de Magé, na Baixada Fluminense, Região Metropolitana do Rio de Janeiro; à Favela Orgânica, nas comunidades Babilônia e Chapéu Mangueira, zona sul da cidade do Rio; ao Quilombo Cafundá Astrogilda, no bairro de Vargem Grande, na Zona oeste; além de comunidades quilombolas, indígenas e caiçaras nas cidades de São Gonçalo (RJ) e Paraty (RJ).

Cozinha das Tradições também visitou a Favela Orgânica, nas comunidades Babilônia e Chapéu Mangueira, zona sul da cidade do Rio

“No Rio de Janeiro, a gente consegue perceber que há uma presença muito grande do povo nordestino, do povo mineiro, e que isso vem trazendo esses elementos miscigenados dessa cultura alimentar nossa, que passa pelos terreiros, pelos quilombos, pelos indígenas, pelas comunidades de periferia, das favelas. Esses elementos são fortemente observados no Rio de Janeiro a partir dessa construção de memória”, diz Patrícia Brito, que também integra a organização da Cozinha das Tradições.

Os encontros preparatórios para o CBA são realizados em parceria com a AS-PTA – Agricultura Familiar e Agro­ecologia, e cozinhas parceiras, e continuarão acontecendo nos próximos meses que antecedem o evento.

Os materiais e ferramentas que devem ser construídos e levados para a Cozinha das Tradições em novembro deverão continuar no local e serão um dos legados do Congresso para a ESDI e para a cidade do Rio de Janeiro.

“Nós estamos muito felizes com o andamento que a Cozinha das Tradições vem tomando. A gente já está conseguindo ver o formato. Estamos caminhando para a finalização dos encontros, para concretizar essa grande cozinha tradicional em novembro”, diz Danielle.

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