O 13° Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA) acontece às margens do Velho Chico e vai se banhar de toda potência e resiliência do Semiárido e de toda a diversidade e alegria da Bahia. O campus da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Juazeiro (BA), será o ponto de encontro do movimento agroecológico, e de reflexão sobre agroecologia, convivência com os territórios e a justiça climática.
Juazeiro está situada no norte da Bahia e no coração do Semiárido Brasileiro. Às margens do Rio São Francisco, o município faz divisa com o Estado de Pernambuco, tendo Petrolina como cidade vizinha. O nome da cidade foi criado devido ao grande número de Juazeiros (Ziziphus joazeiro), árvore típica do bioma Caatinga, que margeava a cidade. Pés de Juazeiro ofereciam sombra para o descanso dos tropeiros antes de seguirem viagem para outros lugares. Graças ao Rio São Francisco, Velho Chico, ou Opará no tupi-guarani, Juazeiro é conhecida e reconhecida nacionalmente.
Mas é também neste ambiente rico que há extremos no campo, e uma conjuntura de disputas pelas terras, águas e Caatingas. Em Juazeiro e nos municípios circunvizinhos há paradigmas entre as grandes áreas irrigadas e as unidades familiares de sequeiro; ações de Recaatingamento e AgroCaatinga em detrimento do desmatamento para implantação de parques eólicos, solares e grilagem de terras.
Se de um lado a agroecologia desponta como forma de vida que assegura bem viver, alimentos limpos, segurança alimentar e nutricional, fartura e diversidade para milhares de famílias do campo e da cidade; do outro lado há investimentos na fruticultura irrigada, onde monocultivos, pacotes tecnológicos e uso indiscriminado de veneno são defendidos e propagados.
Nesta terra de povo resiliente, agricultores familiares, assentados da reforma agrária, indígenas, quilombolas e povos tradicionais de Fundo de Pasto aprendem desde cedo, que conviver com a Caatinga e com o clima semiárido é a forma mais sustentável de garantir vida, fartura e abundância.
O povo aprendeu que a Caatinga vale mais em pé, que é preciso guardar água para assegurar alimentos nos períodos de estiagem, que com o acesso a direitos por meio de políticas públicas, e da implantação de tecnologias sociais foi possível quebrar o paradigma de combate à seca e a visão deturpada de lugar pobre e seco.
A partir do trabalho social de base e a força dos movimentos sociais, bem como ao aporte de políticas e programas governamentais, o Semiárido baiano é um celeiro de boas práticas e de inovações no campo agroecológico e orgânico. E neste cenário de luz e de fartura, Juazeiro reúne experiências de vanguarda no saneamento básico rural, Recaatingamento, segurança hídrica e certificação orgânica participativa. O orgulho de ser caatingueiro, de ser comunidade Tradicional de Fundo de Pasto, de ser nordestino é marca do povo deste lugar!
O Campus da Univasf em Juazeiro será o ponto de acolhimento das caravanas do 13º Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA). Mais do que a universidade, é a própria cidade de Juazeiro que abraça e saúda calorosamente todos os congressistas e visitantes.
A localização estratégica e central da Univasf proporciona fácil acesso a diversos pontos turísticos, culturais e históricos que expressam a identidade vibrante do município e a riqueza do Vale do São Francisco.
Conheça alguns desses lugares imperdíveis:
O Centro de Cultura João Gilberto, inaugurado em 1986, é um dos principais equipamentos culturais do interior da Bahia, resultado do projeto estadual de descentralização da cultura, que implantou centros culturais em diversas cidades baianas. O espaço homenageia um dos maiores ícones da música brasileira, o juazeirense João Gilberto Prado Pereira de Oliveira, mundialmente conhecido como João Gilberto — cantor, violonista e compositor, considerado um dos artistas mais geniais de sua geração.
João Gilberto revolucionou a música brasileira ao criar uma nova forma de tocar samba, com sua batida de violão singular e intimista, que deu origem à Bossa Nova, gênero que se tornaria um dos mais importantes movimentos musicais do século XX, levando o nome do Brasil ao cenário internacional.
O Centro de Cultura João Gilberto, além de preservar a memória desse legado, é um espaço vivo de promoção artística e cultural, recebendo espetáculos, oficinas, exposições e diversas atividades que fortalecem a cena cultural de Juazeiro e de toda a região do Vale do São Francisco.
A Vila Bossa Nova é um dos principais centros gastronômicos e culturais de Juazeiro, localizada na charmosa orla fluvial da cidade, às margens do Rio São Francisco. O espaço de turismo e lazer foi cuidadosamente instalado no prédio histórico da antiga Companhia de Navegação do São Francisco, preservando elementos da arquitetura original e ressignificando sua importância para a economia e cultura locais.
Além de reunir diversos bares, restaurantes e espaços de convivência, a Vila abriga também o Armazém da Caatinga, um empreendimento coletivo que promove a comercialização de produtos oriundos de diversas cooperativas, associações e grupos de agricultura familiar de base agroecológica e economia solidária da região. O Armazém valoriza a sociobiodiversidade do semiárido, oferecendo alimentos, bebidas, artesanato e cosméticos produzidos de forma sustentável, agregando renda para famílias agricultoras e empreendedores locais.
Assim, a Vila Bossa Nova se consolida como um polo que integra gastronomia, cultura, turismo, história e economia solidária, sendo um destino imperdível para quem visita Juazeiro ou a região do Vale do São Francisco.
O Vapor Saldanha Marinho é um símbolo da história e do desenvolvimento do Rio São Francisco e da própria Juazeiro. Encomendado pelo imperador Dom Pedro II aos estaleiros dos Estados Unidos, o “Vaporzinho” — como ficou carinhosamente conhecido — possui 28 metros de comprimento e capacidade para 12 tripulantes.
Foi o primeiro barco a vapor a navegar nas águas do Velho Chico, marcando o início de sua trajetória no final do século XIX. Sua rota, entre Pirapora (MG) e Juazeiro (BA), desempenhou um papel fundamental no impulso econômico de Minas Gerais, da Bahia e de outros estados nordestinos, promovendo o intercâmbio de pessoas, mercadorias e culturas.
Atualmente, a embarcação está preservada e em exibição na Orla II de Juazeiro, onde funciona como um Centro de Informações Turísticas e um dos principais atrativos da cidade, convidando visitantes a conhecerem mais sobre a rica história da navegação no São Francisco.
A Ponte Presidente Eurico Gaspar Dutra, também conhecida como Ponte Rodoferroviária, é um dos marcos arquitetônicos e históricos do Vale do São Francisco. Sua construção começou a ser planejada no final da década de 1940, com o objetivo de integrar as cidades de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), promovendo o desenvolvimento econômico e social da região.
Com 801 metros de extensão, a ponte atravessa o majestoso Rio São Francisco e se destaca por sua relevância técnica: foi a segunda estrutura no Brasil a utilizar a tecnologia do concreto protendido. Esse método inovador permite a redução do volume de concreto e do peso da estrutura, viabilizando sua execução em terrenos desafiadores, como o leito de um grande rio.
Hoje, a ponte é não apenas um importante eixo de circulação rodoviária e ferroviária, mas também um cartão-postal que simboliza a união e o intercâmbio cultural entre a Bahia e Pernambuco.
A Ilha do Fogo é um dos cenários naturais mais emblemáticos do Rio São Francisco, localizada estrategicamente entre as cidades de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE). Com uma área de 39.272,54 m², trata-se de uma propriedade da União, sobre a qual se estende a imponente Ponte Presidente Dutra, conectando os dois estados.
A ilha encanta pela sua beleza singular, marcada pelo contraste entre o verde exuberante da vegetação nativa e o azul cristalino das águas do Velho Chico. Além do valor paisagístico, é um espaço muito procurado para atividades de lazer, turismo ecológico e contemplação, reforçando sua importância como patrimônio natural e cultural da região.
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