O 13º Congresso Brasileiro de Agroecologia, que acontecerá de 15 a 18 de outubro de 2025, na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Juazeiro/BA), receberá trabalhos que contribuem para o campo agroecológico nas suas múltiplas expressões, traduzidas de forma cuidadosa por meio dos eixos temáticos do congresso, nos quais os trabalhos foram submetidos.
A Associação Brasileira de Agroecologia (ABA-Agroecologia), instituições e entidades parceiras, nesta edição do CBA, nos convidam a pensar a agroecologia que queremos para fortalecer a convivência com os territórios brasileiros, contribuindo para a justiça climática.
O CBA nos convida ainda a discutir como a produção da ciência, construída desde a academia, em uma articulação profunda com os conhecimentos tecidos cotidianamente nos territórios, deve ser uma aliada do enfrentamento à fome, às crises climáticas e a qualquer desigualdade, seja ela racial, de gênero ou de classe, entre outros aspectos igualmente relevantes no âmbito da agroecologia. A ciência que defendemos, assim como as muitas agriculturas, é plural, cheia de diversidade e parte das transformações sociais e ecológicas que queremos ver.
Seguindo os acúmulos dos CBAs anteriores, nesta edição poderão ser apresentados trabalhos nas seguintes modalidades:
Todos os trabalhos submetidos serão avaliados pela Comissão Científica do evento que decidirá pela aprovação ou não, conforme estabelecido nas normas descritas abaixo. Os resumos, no seu formato de texto, aceitos e apresentados no evento serão publicados na Revista Cadernos de Agroecologia da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA-Agroecologia) e os vídeos publicados em acervos virtuais.
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São aqueles que contenham resultados de pesquisas e estudos ou ensaios teóricos inovadores, fazendo uma análise mais profunda e conceitual que contribua com a agroecologia e em consonância com o eixo temático escolhido.
São aqueles que descrevem projetos e/ou ações desenvolvidas por instituições de ensino, pesquisa ou extensão, em parceria com a sociedade civil. Os relatos não devem se restringir a aspectos descritivos ou cronológicos da experiência, mas trazer também análises e aprendizados. Embora as experiências tenham sempre um caráter local, sua importância, ensinamentos, assim como suas bases e princípios, deverão apresentar vinculações com os contextos mais amplos (regional, nacional e internacional).
Essa modalidade poderá ser apresentada no formato de RESUMO (texto) ou de VÍDEO. Trata-se de experiência relatada e apresentada pelos(as) próprios(as) AGRICULTORES, AGRICULTORAS, COMUNIDADES E POVOS TRADICIONAIS OU ORGANIZAÇÕES SOCIAIS POPULARES. Espera-se que esse relato apresente uma vivência contextualizada segundo os princípios da agroecologia.
Os territórios urbanos têm enfrentado cada vez mais desafios frente à emergência climática, seja em regiões metropolitanas, seja em pequenas e médias cidades, aprofundando as desigualdades e injustiças sociais e os desequilíbrios ecológicos. Por outro lado, estratégias de adaptação e mitigação de impactos têm promovido a resiliência desses territórios. O eixo “Agriculturas Urbanas” deseja provocar reflexões sobre a diversidade de experiências de agricultura urbana e alimentação, protagonizadas por diferentes sujeitos, bem como seu papel na promoção da justiça climática nas cidades. Convida a pensar sobre as conexões entre essas experiências e as ciências e modos de vida dos povos de matriz africana, indígena e camponesa, adaptadas aos contextos urbanos, assim como sobre o papel das mulheres e juventudes na reivindicação dos espaços urbanos cotidianos enquanto espaços possíveis de reprodução da vida, de luta pelas diferenças, de exercício de autonomias, de promoção de saúde e bem viver. Chama a atenção para algumas iniciativas e concepções de agricultura urbana que estão alinhadas à “economia verde” e buscam dar respostas e soluções técnicas aos problemas sociais e ambientais presentes nas cidades, sem questionar o modelo capitalista de desenvolvimento. Estimulamos as pessoas participantes a explicitar abordagens teórico-conceituais e metodologias que permitam ampliar a compreensão sobre as contradições e possibilidades das agriculturas urbanas, assim como estabelecer novas conexões entre esta temática, a justiça ambiental, os sistemas agroalimentares, o processo de urbanização das sociedades e as discussões relacionadas ao direito à cidade. Trata-se, portanto, de superar dicotomias e fragmentações ainda presentes na produção do conhecimento e nas ações políticas, fortalecendo alianças entre as roças e as favelas, entre os quintais e as matas, e entre a agroecologia e a cidade.
Os debates deste eixo objetivam compreender os processos agroecológicos, tradicionais e decoloniais relacionados à terra, ao território, à ancestralidade, à justiça ambiental e climática. Busca-se reunir estudos, pesquisas e relatos de experiências que articulem os temas a partir de práticas agroecológicas e ancestrais dos povos e comunidades tradicionais e de territórios de favelas, apontando abordagens e análises sobre a historicidade das lutas dessas populações pelo acesso e garantia à água, à terra, à floresta e à memória biocultural, de modo a explicitar as disputas por territorialidades, o enfrentamento ao racismo, os conflitos socioambientais, a exemplo daqueles gerados por grandes empreendimentos (eólicos, mineração, barragens, entre outros) e seus impactos sobre os povos, os processos de lutas contra-hegemônicas, a proteção e a diversidade dos territórios e seus bens comuns, a cultura alimentar e as diferentes cosmovisões que fundamentam os modos de vida dessas populações. Este eixo trata também do reconhecimento e da valorização dos saberes e fazeres das/os mais velhas/os, referentes à regeneração e preservação da natureza, saúde, agriculturas, cuidados, religiosidade e espiritualidade.
O eixo receberá trabalhos que tragam o debate sobre a perspectiva agroecológica integrada às dimensões da arte, da cultura e da comunicação, especialmente a partir de seus entrelaçamentos nos territórios e que contribuam para colocar a “agroecologia na boca do povo”. Esperamos estudos e experiências que evidenciem como as dimensões comunicativas, artísticas e sensíveis/estéticas da vida de sujeitos e povos das águas, das florestas, dos campos e das cidades estão, ou podem estar, relacionadas com a agroecologia. São de interesse do eixo estudos que apoiem as reflexões sobre o lugar da arte e da cultura na produção do conhecimento, bem como abordagens sobre as culturas alimentares, os rituais, as festividades, as histórias e as brincadeiras, as artesanias e as artes visuais, as práticas religiosas, as musicalidades, o teatro, a poesia, as políticas públicas, entre outros elementos da reprodução da vida e das subjetividades nos territórios, que são componentes fundamentais das práticas agroecológicas. No que se refere à comunicação popular, esperamos contribuições sobre o papel da comunicação para a construção de uma ciência crítica, reflexiva e engajada com as lutas populares, inclusive aquelas oriundas do jornalismo investigativo independente; que lancem um olhar crítico sobre a agroecologia na mídia hegemônica; que abordem as ferramentas e estratégias comunicacionais construídas nos territórios; e as práticas e os processos comunicativos participativos que alimentam dinâmicas de transformação social, entre outras.
Neste eixo, dedica-se especial atenção aos processos socioculturais e ecológicos de promoção, manejo, conservação e uso sustentável da biodiversidade, provenientes do importante papel realizado pela agricultura familiar, povos e comunidades tradicionais do campo, das águas e das florestas, na geração, manejo, conservação e uso sustentável da diversidade biocultural. Busca-se, ainda, analisar, problematizar e visibilizar, no cenário contemporâneo, diferentes fatores que têm afetado negativamente a conservação, o manejo e o livre uso da biodiversidade, bem como a implantação de diferentes marcos regulatórios que restringem o livre acesso à biodiversidade e garantem privilégios a atores corporativos.
Chama-se especial atenção, ainda, para o aprofundamento da crise climática e dos riscos irreversíveis de erosão da biodiversidade, das práticas e dos conhecimentos associados.
Nesse contexto, serão acolhidos resumos e relatos de experiências que tenham como foco:
i) a identificação e a valorização da biodiversidade manejada pela agricultura familiar, camponesas/os e povos e comunidades tradicionais;
ii) a conservação, o resgate e o manejo da biodiversidade;
iii) desafios da integração entre conservação in situ, on farm e ex situ;
iv) erosão genética e biocultural;
v) agrobiodiversidade e direitos das/os agricultoras/es;
vi) desafios relacionados ao acesso e à repartição de benefícios associados à biodiversidade;
vii) ameaças ao livre uso da biodiversidade;
viii) biodiversidade, áreas protegidas e direitos territoriais;
ix) biodiversidade, mercados e alimentação;
x) serviços ecossistêmicos associados à biodiversidade;
xi) conservação da biodiversidade, mitigação, adaptação e soluções baseadas na natureza para o enfrentamento da crise climática;
xii) programas e políticas públicas que fortalecem ou ameaçam os sistemas locais de conservação e uso da biodiversidade;
xiii) sistemas agrícolas tradicionais, patrimonialização e salvaguardas;
xiv) biodiversidade, alimentação e cultura.
Este eixo temático tem como objetivo visibilizar o lugar do campesinato, em suas diversas expressões (agricultura familiar, quilombolas, comunidades tradicionais, dentre outras), na produção de alimentos, contrapondo-se à hegemonia das corporações dos chamados impérios alimentares. Compreende-se, aqui, a importância da defesa da reforma agrária como política necessária para sua reprodução social, seja pela realização de assentamentos, seja pelo reconhecimento de direitos territoriais de povos e comunidades tradicionais, na inter-relação entre terra, território e o direito humano à alimentação adequada e saudável, no contexto da crise ambiental e climática.
Dedica-se especial atenção ao debate sobre a visão e as experiências dos movimentos sociais e organizações que evidenciem o papel do campesinato como protagonista de diferentes sistemas agrícolas e agroextrativistas, com a incorporação de princípios agroecológicos e estratégias para garantir a Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (SSAN) nos diversos biomas.
Serão acolhidas neste eixo:
i) iniciativas relacionadas aos produtos da sociobiodiversidade na relação com as culturas alimentares locais/regionais;
ii) exemplos da relação entre o papel do campesinato na produção de alimentos e a luta pelos direitos da natureza;
iii) iniciativas que, à luz das práticas organizativas e das formas de manifestação de solidariedade e reciprocidade do campesinato, mostrem os caminhos do abastecimento alimentar e da mitigação da fome e da insegurança alimentar, tais como bancos de alimentos, cozinhas e hortas comunitárias, quintais produtivos, cozinhas solidárias, grupos de produção-consumo, restaurantes populares, feiras e outros comércios de proximidade;
iv) a construção da relação entre o direito à terra e ao território e o direito humano à alimentação adequada e saudável;
v) os significados da conservação de bens comuns, como sementes e mudas, e de manejo agroecológico.
Na apresentação das experiências, é importante lançar um olhar atento sobre as potencialidades e os desafios do campesinato na atual conjuntura política e no cenário da crise ambiental e climática, destacando e visibilizando os limites e bloqueios para o reconhecimento de seus direitos.
É também central, para este eixo, compreender o lugar e o papel das mulheres e das juventudes camponesas na garantia da Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional.
Este eixo temático busca acolher resumos e relatos de experiências que adotem uma perspectiva crítico-avaliativa em relação à produção, comercialização, transporte, manipulação, uso e efeitos de agrotóxicos, transgênicos, novas biotecnologias, tecnologias de agricultura digital, bem como às disputas políticas e impasses midiáticos que envolvem esses temas, entre outros.
Parte-se do entendimento de que as novas biotecnologias de edição gênica não estão sendo submetidas às avaliações de risco necessárias, assim como não há monitoramento sistemático dos impactos das “velhas” tecnologias (como a transgenia clássica) após sua liberação comercial. Por isso, espera-se também a submissão de resumos baseados em trabalhos de investigação e sistematização de experiências sobre os impactos econômicos, sociais, culturais e ecológicos dessas tecnologias no ambiente, na saúde e nos modos de vida das populações, tanto em áreas agrícolas quanto não agrícolas.
No que diz respeito à questão ambiental, será dada especial atenção aos seguintes aspectos:
a contaminação do solo, da água e do ar;
a redução da presença de insetos benéficos, incluindo polinizadores e inimigos naturais de pragas;
o surgimento de populações de insetos resistentes;
as alterações em níveis de bioindicadores;
entre outros efeitos.
Quanto à saúde humana, destacam-se:
as intoxicações agudas e crônicas;
os diversos agravos à saúde, incluindo doenças como o câncer.
Interessa, ainda, acolher resumos e relatos de experiências sobre os diferentes tipos de exposição aos agrotóxicos, bem como as distintas estratégias de vigilância, monitoramento participativo e ações intersetoriais de saúde e ambiente.
Também são pertinentes a este espaço de discussão:
os processos de luta e organização das populações afetadas por essas tecnologias, incluindo povos indígenas, comunidades quilombolas, populações tradicionais, camponesas, populações urbanas, agricultoras e agricultores orgânicos e agroecológicos, bem como movimentos sociais;
as percepções e visões de mundo associadas aos problemas gerados por essas tecnologias;
as estratégias de legitimação dessas soluções tecnológicas frente à opinião pública;
a construção de estratégias de comunicação e educação no embate contra os agrotóxicos, transgênicos e outras soluções tecnológicas que oferecem riscos à saúde e ao ambiente.
Por fim, o eixo se propõe ainda a debater o surgimento de novas tecnologias — como a cisgenia, a biologia sintética, os gene drives, as tecnologias digitais, entre outras — e suas repercussões sobre a vida das trabalhadoras e dos trabalhadores, a saúde e os ecossistemas.
Neste eixo, objetivamos refletir sobre a construção do conhecimento agroecológico em suas múltiplas expressões — na escola, na roça, na academia, na extensão rural, entre tantas outras. Convidamos pessoas que se dedicam a sentir, pensar e refletir sobre os conhecimentos e aprendizados agroecológicos, tanto em espaços formais quanto informais.
A pluralidade de formas de ser e agir é chave para a construção da agroecologia, de sistemas alimentares saudáveis, da democracia brasileira e de caminhos para o enfrentamento da crise climática e das desigualdades sociais.
Serão acolhidos resumos e relatos de experiências que busquem compreender como a academia, coletivos e movimentos sociais produzem conhecimento por meio de vivências, sistematização de saberes, ações de ensino, pesquisa e extensão articuladas, lutas sociais dos povos e nas interações entre seres humanos e não-humanos em seus territórios.
No 13º CBA, interessa-nos compartilhar metodologias transformadoras, participativas, implicadas e horizontais. Solicitamos que, na preparação e submissão dos resumos, as autoras e os autores reflitam sobre questões importantes para a construção do conhecimento agroecológico, tais como:
i) Como as pessoas coproduzem conhecimentos, interagem entre si e definem as autorias coletivas das experiências e publicações;
ii) Como o conhecimento circula e é apropriado;
iii) A diversidade de autoras e autores referenciadas/os nos resumos;
iv) Como a interdisciplinaridade, a transdisciplinaridade e a interculturalidade crítica são praticadas;
v) Como o diálogo e a ecologia de saberes se manifestam;
vi) As relações estabelecidas entre ciências, saberes e cosmologias na produção do conhecimento;
vii) A orquestração pluridimensional entre os componentes metodológicos e epistemológicos, na qual a diversidade de saberes assume papel central.
O novo regime climático está profundamente conectado aos sistemas agroalimentares. Uma primeira dimensão refere-se à contribuição da agricultura, da pecuária e das mudanças no uso da terra para a transformação do clima: mais de 22% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) são provenientes dessas práticas; no Brasil, essa contribuição ultrapassa 70%.
Investigar e compreender a atuação dos distintos modelos de produção, circulação e distribuição de alimentos constitui um dos principais interesses deste eixo temático. Busca-se, assim, aprofundar as análises sobre o papel do modelo agroalimentar dominante na intensificação das mudanças climáticas, bem como na produção e reprodução das desigualdades sociais. Destaca-se, sobretudo, como esse modelo engendra um uso específico da terra e dos territórios, baseado na erosão da sociobiodiversidade.
Articuladas às lógicas de desigualdade desse modelo agroalimentar hegemônico, as mudanças climáticas afetam de maneira assimétrica as populações mais vulnerabilizadas, especialmente as mulheres e a população negra.
A partir da compreensão da inseparabilidade entre mudanças climáticas, política e sistemas agroalimentares, busca-se evidenciar que, embora estejamos diante de uma problemática global, há aprendizados, análises e múltiplos desafios que emergem na escala dos territórios.
Este eixo propõe reflexões críticas e novas abordagens teóricas e práticas sobre o tema, a partir da agroecologia, destacando percepções e possibilidades de transformação radical dos sistemas alimentares diante das mudanças climáticas. Ao mesmo tempo, discute-se como as estratégias tecidas por agricultoras/es, povos indígenas e povos e comunidades tradicionais nos mais diversos territórios integram uma trajetória histórica ampliada, arraigada em práticas e valores.
O eixo convida à reflexão sobre agroecologia e mudanças climáticas, considerando a complexidade política, ecológica e climática dos sistemas agroalimentares, bem como a urgência de apreender e fortalecer práticas de adaptação, mitigação, resiliência e resistência, desenvolvidas por meio da combinação de múltiplos conhecimentos e que apontam para habitabilidades possíveis.
Este eixo temático objetiva refletir sobre diversas dimensões da educação relacionadas à construção da Agroecologia, incluindo: Educação do/no Campo; Educação Popular; Educação Ambiental; a indissociabilidade entre extensão, ensino e pesquisa; o movimento estudantil e os movimentos sociais do campo e da cidade na promoção da Agroecologia; fundamentos epistemológicos da Agroecologia; experiências desenvolvidas pelos Núcleos de Agroecologia; diálogo de saberes; e práticas curriculares de educação em Agroecologia.
Também são contemplados neste eixo: Educação Étnico-racial, quilombola e indígena articulada à Agroecologia; políticas públicas voltadas para a educação em Agroecologia; experiências na educação básica (educação infantil, ensino fundamental e médio); atuação das escolas familiares rurais e/ou de formação agrícola; educação por alternância; educação contextualizada; e a formação de professores/as para atuação com a Agroecologia.
Dessa forma, espera-se que os resumos e relatos de experiência submetidos abordem estudos ou práticas que envolvam um ou mais desses temas, contribuindo para o fortalecimento das múltiplas conexões entre educação, território e Agroecologia.
Este eixo temático busca constituir um espaço de debate e troca sobre a construção da Agroecologia a partir das perspectivas de gênero e dos feminismos comunitários, territoriais, camponeses, populares e decoloniais, com perfil anticapitalista, antirracista e anti-LGBTQI-fóbico. O objetivo é evidenciar formas de pensar, sentir, fazer agricultura e produzir alimentos baseadas em relações socioambientais justas, igualitárias e equilibradas, orientadas por visões de mundo, ações cotidianas, práticas políticas e modos de produção e consumo pautados pela ética, solidariedade, reciprocidade, amor e pelos princípios da precaução e da responsabilidade.
Busca-se, ainda, analisar, problematizar e dar visibilidade às situações vividas pelas mulheres do campo, das águas e das florestas — sejam elas rurais, urbanas ou periurbanas; camponesas, indígenas, negras ou mestiças; produtoras familiares, assalariadas, migrantes, chefes de família, lideranças sociais ou deslocadas pela violência —, fortalecendo suas capacidades de agência e protagonismo.
Trata-se de discutir e evidenciar as opressões e iniquidades do sistema patriarcal e seus reflexos cotidianos na construção de práticas agroecológicas no Brasil e no mundo.
Assim, sugerimos que os resumos abordem uma ou mais das seguintes temáticas:
(i) Estudos de gênero e meio ambiente em áreas rurais, indígenas e territórios negros;
(ii) Participação, equidade de gênero e empoderamento das mulheres nas áreas rurais;
(iii) O papel das mulheres e da população LGBTQIA+ nos processos econômicos e nas estratégias de resistência e defesa da sociobiodiversidade, dos territórios e dos bens comuns;
(iv) Organizações de mulheres e formas coletivas de resistência;
(v) Gênero, feminismos e diversidades na construção de epistemologias, axiologias e ontologias agroecológicas emancipadoras, relacionais e pluriversais;
(vi) Contribuição das mulheres para a construção de sistemas agroalimentares social e ambientalmente justos, com soberania e segurança alimentar e nutricional, e com proteção da agrobiodiversidade;
(vii) Violência de gênero, migração, direitos humanos, pobreza e desigualdades vividas pelas mulheres;
(viii) A mulher camponesa como sujeito político e de direitos, produtora de bens materiais e imateriais;
(ix) Experiências institucionais ou de movimentos sociais e os desafios da transformação das relações de gênero no campo.
Neste eixo temático, que se propõe interdisciplinar, transversal e inspirado nas “raízes crianceiras”, buscamos compartilhar estudos, pesquisas e experiências construídas a partir da escuta e da parceria com as crianças, valorizando suas sabedorias, protagonismos e brincadeiras.
Guiados pela potência do lema “Agroecologia começa nas infâncias”, queremos estar em um estado de liberdade, natureza, cultura e escuta, em cirandas que envolvam as infâncias dos campos, das cidades, das águas, das florestas — e de quem mais quiser chegar — para trocar saberes ancestrais em diálogo com as crianças de outrora e de agora.
Nesse caminhar crianceiro, acolhemos a vida e suas múltiplas sementes crioulas, em um percurso que integra brincadeiras, arte, cultura popular e ciência junto às crianças e seus protagonismos, incluindo temas como: ancestralidades; famílias; maternidades; brincares; subjetividades; direitos de ser; direitos cidadãos; cuidados, bem-estar e saúde; gênero, raça, classe e etnia; violências; alimentação; linguagens; oralidades; expressões artísticas; espaços e tempos educacionais; experiências cirandeiras; cuidadoras; movimentos sociais; e Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC).
Esperamos também receber produções de autoria infantil — desenhos, fotografias, textos, vídeos e quaisquer outras expressões da imaginação — que possam encantar e fortalecer nossa práxis.
Assim, convidamos a submissão de resumos que abordem estudos e experiências relacionadas às infâncias, contemplando os temas mencionados.
As discussões deste eixo têm como objetivo analisar e visibilizar os debates sobre as relações entre as juventudes e a Agroecologia, compreendidas em toda sua pluralidade e diversidade enquanto sujeitos políticos. Propõe-se um olhar atento à participação e ao potencial transformador do engajamento das juventudes do campo, das cidades, das águas e das florestas na construção de um projeto agroecológico popular que incorpore as lutas raciais, feministas e LGBTQIA+.
Entendemos a Agroecologia como ciência, movimento, prática e, atualmente, como caminho de profissionalização para jovens. Por isso, este eixo temático acolherá trabalhos que abordem as juventudes em relação a temas como:
Autonomia das juventudes nas dimensões técnica, econômica, cultural e científica;
Participação e engajamento nas lutas e resistências junto a organizações e movimentos sociais;
Papel histórico dos jovens na construção de um projeto democrático de sociedade;
Sucessão rural;
Educomunicação e formação/atuação das juventudes em Escolas Famílias Agrícolas (EFAs), Casas Familiares Rurais (CFRs) e demais expressões da educação contextualizada;
Relações intergeracionais e conexões das juventudes com saberes tradicionais e ancestralidade;
Experiências e redes de mobilização e organização construídas pelas juventudes.
O conceito de Agroecossistemas refere-se à unidade de planejamento da Agroecologia, abrangendo o conjunto de seres vivos e suas interações com o ambiente físico, incluindo os seres humanos, suas relações sociais, valores culturais e a convivência nos territórios.
Neste eixo, convidamos à submissão de resumos e relatos de experiências que apresentem iniciativas de pesquisa, experimentação e sistematização de práticas relacionadas ao manejo agroecológico dos agroecossistemas e aos processos de transição agroecológica.
Os temas que permeiam essa abordagem incluem, entre outros:
Sistemas de base agroecológica ou ecológica;
Agroecossistemas tradicionais;
Transição agroecológica;
Redesenho de paisagens em contextos de desastres climáticos;
Benefícios ou serviços ecossistêmicos;
Qualidade e saúde do solo;
Relação solo-água-planta;
Policultivos;
Sistemas agroflorestais;
Produção de plantas alimentícias não convencionais (PANC);
Manejo de pastagens;
Processos de restauração ecológica;
Monitoramento e avaliação de sistemas agroecológicos;
Adubação verde;
Produção de sementes e mudas;
Bioinsumos;
Recursos florais para polinizadores e abelhas nativas;
Manejo agroecológico de insetos, patógenos e plantas espontâneas;
Beneficiamento e processamento de produtos agroecológicos.
Esperamos contribuições que ampliem a compreensão e a prática da agroecologia a partir da perspectiva dos agroecossistemas, contribuindo para a construção de sistemas produtivos sustentáveis, biodiversos e resilientes.
Nas últimas décadas, foram construídas no Brasil e em diversos países do mundo uma série de políticas públicas e instrumentos de apoio à Agroecologia e à Produção Orgânica, aplicados em múltiplas escalas – municipal, territorial, estadual, federal e internacional.
Este eixo temático visa analisar as contribuições, perspectivas, desafios e limitações na formulação, implementação e avaliação dessas políticas e ações públicas em contextos variados.
Sugere-se que os trabalhos contemplem, entre outros, os seguintes temas:
Trajetória histórica da formulação e implementação de políticas públicas de apoio à Agroecologia e à Produção Orgânica;
Análises comparadas de processos de formulação e implementação dessas políticas em diferentes realidades;
Experiências, relatos ou análises da participação de atores sociais na elaboração, implantação, monitoramento e avaliação de políticas públicas;
Relações entre poder público e sociedade civil em torno das políticas públicas;
Iniciativas de incidência nos orçamentos públicos e nos sistemas de monitoramento e avaliação dos efeitos das políticas;
Mecanismos de governança democrática;
Análises e reflexões sobre as concepções de Agroecologia e Produção Orgânica mobilizadas em marcos regulatórios e diretrizes políticas;
Sistematizações e relatos sobre os efeitos das políticas públicas na escala dos territórios;
Avanços e resultados alcançados por programas governamentais e não governamentais nas condições socioeconômicas das famílias, na redução dos impactos ambientais e da emissão de gases de efeito estufa, no aumento da resiliência social e ecológica frente às mudanças climáticas, e na ampliação da oferta e do acesso a alimentos saudáveis para populações em situação de insegurança alimentar e nutricional;
Intersetorialidade nas políticas públicas relacionadas à Agroecologia e Produção Orgânica;
Perspectivas da Agroecologia Política, abordando, além das políticas públicas, temas como a relação Estado-Sociedade, a coprodução de políticas e as diferentes dimensões do controle social.
Este eixo convida contribuições que ampliem o debate sobre a construção de políticas públicas democráticas, inclusivas e efetivas para o fortalecimento da Agroecologia e da Produção Orgânica, com impacto social, ambiental e econômico positivo.
Este eixo temático tem como objetivo a apresentação de resumos e relatos de experiências que estabeleçam conexões entre os campos do conhecimento da saúde e da agroecologia. Dada a transversalidade e a abrangência dos temas, espera-se reunir estudos, pesquisas e relatos que articulem os seguintes tópicos:
Alimentação, agroecologia e saúde;
Práticas de cuidado em saúde;
Medicinas tradicionais e saúde popular;
Práticas integrativas;
Saúde coletiva, ambiental e dos/as trabalhadores/as;
Águas e saneamento;
Plantas medicinais;
Impactos e contaminações biológicas e químicas em solos, águas, florestas e ar;
Agrotóxicos sob a perspectiva da saúde;
Vigilância em saúde;
Agricultura urbana em conexão com a saúde;
Promoção de territórios saudáveis e sustentáveis;
Promoção da saúde;
Saúde única (One Health);
Mudanças climáticas e suas implicações para a saúde;
Educação em saúde;
Agroecologia, políticas públicas e o Sistema Único de Saúde (SUS);
Interfaces metodológicas e teóricas entre agroecologia e saúde coletiva.
Além de pesquisas e relatos de experiências, este eixo acolhe também construções teóricas que dialoguem com a interface entre agroecologia e saúde, ou entre os campos científicos da agroecologia e da saúde coletiva.
Este eixo visa contribuir com reflexões sobre os processos de organização coletiva e autogestionária da produção, distribuição e consumo solidário de alimentos provenientes da diversidade da agricultura familiar e camponesa de base agroecológica, dos povos indígenas e de povos e comunidades tradicionais.
As temáticas contempladas incluem:
Impactos da organização econômica do sistema agroalimentar hegemônico;
Sistemas agroalimentares localizados, sustentáveis e comunitários;
Relocalização e justiça alimentar;
Construção social dos mercados;
Circuitos curtos de comercialização e suas múltiplas experiências (feiras, compras públicas, cooperativas, associações, redes e comunidades que sustentam a agricultura);
Processos participativos de garantia da qualidade orgânica e agroecológica, como Organismos de Controle Social (OCS) e Sistemas Participativos de Garantia;
Políticas públicas de fomento às economias centradas no bem viver, mercados territoriais, segurança alimentar e nutricional, e espaços de participação e controle social;
Redes solidárias de produção e consumo crítico, político, solidário ou consciente;
Formas de organização da economia solidária e desenvolvimento social, local e sustentável;
Organizações econômicas coletivas de mulheres e jovens do campo;
Processos de assessoria técnica e extensão rural focados na organização econômica e coletiva;
Compras públicas e estratégias de acesso à alimentação;
Experiências governamentais, inclusive centrais públicas de abastecimento;
Agroindústrias familiares, adequação sanitária, rotulagem e legislação;
Outras economias em interface com a agroecologia.
Estimulamos que os trabalhos promovam análises que considerem as relações de gênero, diversidade sexual, raça, classe e geração como lentes fundamentais na construção da economia solidária e da agroecologia.
Este eixo tem como objetivo evidenciar experiências, conhecimentos, saberes, práticas e inovações sociotécnicas relacionadas aos processos de transição agroecológica em suas diversas concepções, abordagens, métodos e indicadores de avaliação e monitoramento. Essas transições podem ocorrer em diferentes escalas, desde agroecossistemas, unidades produtivas e territórios até o sistema agroalimentar global.
A Agroecologia, entendida enquanto ciência, movimento e prática social, fundamenta as reflexões que visam contribuir para o avanço dos conhecimentos, práticas, métodos, instrumentos, planos, desafios, potencialidades e estratégias para a promoção das transições agroecológicas em suas múltiplas formas, temporalidades e complexidades.
Temáticas inerentes ao eixo incluem:
Reflexões sobre transições socioecológicas na agropecuária;
Metabolismo energético das sociedades humanas;
Certificação e acreditação orgânica e agroecológica em suas diferentes modalidades e abordagens;
Parâmetros e indicadores nas dimensões histórica, social, econômica, ecológica, biológica, cultural, educativa, política, normativa e ética;
Planos, estratégias e avaliações dos processos de transição agroecológica.
Este eixo contempla pesquisas e relatos de experiências, tanto populares quanto técnicas, que abordam as inovações camponesas e tecnologias sociais voltadas à promoção da qualidade de vida de populações do campo e da cidade, dentro da perspectiva da agroecologia em suas múltiplas dimensões — alimentação, saúde, saneamento, meio ambiente, cultura, entre outras.
Serão acolhidos trabalhos que evidenciem e/ou discutam o desenvolvimento, uso, adaptação e aplicação de tecnologias sociais em diversos contextos socioambientais, em diálogo com saberes e práticas camponesas. O eixo destaca especialmente as dimensões da participação, cidadania e democracia, a dimensão educativa e a relevância das tecnologias sociais.
Os trabalhos deverão ressaltar os sujeitos, organizações e instituições protagonistas na promoção dessas inovações camponesas.
Temáticas relacionadas incluem:
Tecnologias sociais e inovações camponesas vinculadas à convivência com diferentes biomas;
Práticas agroecológicas e processos sociotécnicos;
Processos de avaliação participativa (popular ou em diálogo com experimentações acadêmicas);
Desenvolvimento e aplicação de ferramentas, equipamentos, utensílios, máquinas, caldas, biofertilizantes;
Processos de gestão coletiva;
Métodos tradicionais como bordados e trançados;
Manejos criativos da biodiversidade, entre outros.
Este eixo acolhe trabalhos em diferentes modalidades que abordem a criação de animais em sistemas de base agroecológica, orgânica e regenerativa, voltados à produção de alimentos, reciclagem de biomassa, manejo da matéria orgânica, polinização de plantas e geração de serviços ecossistêmicos.
Serão aceitos estudos, pesquisas, experimentações e sistematizações de práticas que dialoguem com os seguintes temas:
Alimentação animal;
Manejo de pastagens e sistemas agrossilvipastoris;
Sistemas integrados de criação animal;
Bem-estar animal;
Nutrição animal;
Genética, raças crioulas/locais e melhoramento animal;
Manejo sanitário agroecológico;
Terapêuticas veterinárias integrativas;
Instalações para animais, incluindo produtos para limpeza e desinfecção;
Importância e qualidade dos alimentos de origem animal;
Animais e saberes tradicionais;
Impactos dos manejos insustentáveis ou da pecuária industrial intensiva;
Diálogo entre sistemas de criação animal e territórios de água, florestas e campo;
Políticas públicas para o estímulo à criação animal de base agroecológica.
Também serão valorizadas iniciativas que evidenciem a relevância dos alimentos de origem animal produzidos nesses sistemas para a segurança e soberania alimentar.