Evento no Raízes do Brasil, em Santa Teresa, foi o primeiro de uma série de tardes preparatórias para o 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia, e contou com lançamento do vídeo de apresentação do CBA. Veja quando serão os próximos “Tarde com Raízes” e anote na sua agenda!

A primeira “Tarde com Raízes” – uma série de encontros preparatórios para o 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA) –, aconteceu no último sábado (26) no Raízes do Brasil, espaço do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) em Santa Teresa, Rio de Janeiro (RJ).

Durante o evento, foi lançado o vídeo de apresentação do CBA. Assista:

Com o tema “Agroecologia do campo à favela: diálogos sobre os anúncios e denúncias fluminenses”, o bate-papo sobre comunicação e agroecologia contou com a presença de Bernadete Montezano, integrante da Rede Carioca de Agricultura Urbana (Rede CAU) e representante da Associação de Agricultoras(es) da Feira Agroecológica de Campo Grande (AAFA), no Rio de Janeiro (RJ). 

Também compuseram a mesa, mediada pela jornalista Bruna Távora, que integra o MPA, a professora Tatiana Lima, do curso de comunicação popular do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), e Carolina Vaz, coordenadora do jornal comunitário “O Cidadão”, do Conjunto de Favelas da Maré.

Bernadete Montezano iniciou a discussão comentando sobre os esforços dos coletivos agroecológicos da região metropolitana do Rio de Janeiro em continuar existindo, especialmente nos últimos anos, com gestões públicas que ignoram a agroecologia em todos os âmbitos: municipal, estadual e federal.

A articuladora ressaltou a importante missão de divulgar esses esforços. “Falar sobre como a gente faz é trazer nossas metodologias para o processo de comunicação, é fazer as pessoas que estão nesse movimento entenderem que elas têm voz, especialmente na cidade”, disse Bernadete.

Em seguida, Carolina Vaz falou sobre a operação do jornal comunitário do Conjunto de Favelas da Maré, “O Cidadão”, fundado em 1999. Ela, que atua no jornal desde 2015, comentou que os assuntos agroecologia e alimentação saudável são cada vez mais presentes entre as pautas da publicação, porém ainda estão longe de serem pautas tão frequentes quanto outros assuntos que tocam mais os moradores, como gestão do lixo.

Para que esses assuntos estejam mais presentes no dia-a-dia dos moradores, Carolina entende que ações governamentais poderiam melhorar o acesso à agroecologia no Complexo da  Maré. “É preciso de algumas políticas públicas, como cobrir o valor do frete dos produtos agroecológicos, e abrir espaço para a agroecologia nas feiras que acontecem dentro da Maré, por exemplo.”

Finalizando o círculo de debates, a professora Tatiana Lima, doutoranda em comunicação na Universidade Federal Fluminense (UFF), falou sobre uma das formas de comunicação mais primárias das pessoas: a fome. “A fome é o primeiro veículo de comunicação de uma pessoa sobre o estado dela. O alimento é um veículo de comunicação, sendo assim agroecologia é comunicação. Fazer feira é se comunicar”, refletiu a professora.

Observando o contexto atual, Tatiana sinalizou em sua fala que ainda estamos longe de ter a agroecologia na boca do povo. “Hoje, a agroecologia vive de bolhas que nos dão fios de esperança. Precisamos falar sobre as mulheres que plantam nas lajes, que compartilham conhecimentos sobre plantas medicinais”, completou, mostrando a necessidade de nos engajarmos mais no tema para furar as bolhas.

Durante a primeira Tarde com Raízes, foi servido baião-de-dois com carne seca e uma opção vegana do mesmo prato, com cogumelos. Depois do encerramento do bate-papo, a cantora-compositora e instrumentista Ananda Jacques apresentou um show de brasilidades em voz e guitarra semi-acústica, animando os presentes no clima de alegria pré-CBA.

Esse foi o primeiro evento de uma série de três que devem acontecer no Raízes do Brasil, um dentre os múltiplos espaços que compõem a rede de parcerias que desenham juntas o Território Simbólico da Agroecologia no Brasil. As outras duas Tardes com Raízes acontecem nos dias 23 de setembro e 21 de outubro. 

Os encontros pré-CBA têm como objetivo construir ambientes de diálogo, intercâmbio e articulação em torno de temáticas centrais para que a agroecologia esteja na boca do povo. A construção do 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia já começou, trazendo para a sua centralidade os processos que historicamente são movimentados na cidade que nos recebe.

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