Apresentação

“É chegada a hora de reconstruir nossa caminhada coletiva após um longo e desafiador período de distanciamentos. É tempo de plantar sementes compromissadas com as colheitas que desejamos ver florescer. É tempo de ousar na construção das alianças entre campo e cidade, de restaurar e fortalecer nossos diálogos e convergências em torno da ciência, da democracia, da defesa dos territórios e do bem viver. É tempo de retomadas”

Para mais informações sobre a proposta, acesse a carta do sudeste disponível em: leia a carta completa que apresenta a proposta do CBA no Sudeste: 

Neste XII CBA, a ABA celebra os 20 anos da primeira edição do Congresso, realizado em 2003, em Porto Alegre (RS). Durante esses anos, o CBA tem se transformado, sobretudo em função da inter-relação com os sujeitos que o constroem e, fundamentalmente, a partir da necessidade de respostas coletivas aos desafios sociais, políticos e ambientais que tecem o período histórico de execução de cada uma das edições.

Como resultado dessa trajetória articulada pela ABA-Agroecologia, o último CBA, realizado em 2019, na região metropolitana de Aracaju (SE), na cidade de São Cristóvão, tornou-se referência no que diz respeito ao seu caráter científico, popular, representativo e diverso. O Congresso, que teve como lema “Ecologia de Saberes: Ciência, Cultura e Arte na Democratização dos Sistemas Agroalimentares”, foi realizado na universidade pública, garantindo acesso livre a toda a comunidade acadêmica e demais visitantes, acolhendo um total de 4.056 pessoas inscritas, provenientes de 10 países e dos 27 estados brasileiros. Foram, ao todo, 2.100 trabalhos aprovados e divididos em 16 eixos temáticos; deste total, 1.900 foram apresentados em 73 rodas de conversas/debates. 

Ao longo de suas edições o CBA vem se consolidando como um espaço de referência sobre agroecologia no Brasil e na América Latina. Tanto por sua dimensão e abrangência multiterritoriais, quanto por sua proposta metodológica inovadora, pautada por epistemologias críticas que reconhecem diferentes saberes sejam eles acadêmicos ou populares, CBA se insere em um processo voltado à construção de novos paradigmas teórico-metodológicos, na defesa da ciência crítica, das instituições públicas de ensino, pesquisa e extensão e no fortalecimento dos movimentos sociais. 

O XII CBA será realizado entre os dias 20 e 23 de novembro de 2023, na cidade do Rio de Janeiro e tem como um de seus corações a Fundição Progresso. A expectativa é de 5.000 participantes inscritas/os, entre pesquisadoras/es, docentes, estudantes, técnicas/os e extensionistas, agricultoras/es familiares, povos e comunidades tradicionais e ativistas dos movimentos sociais. Além disso, por meio das atividades realizadas em espaços públicos da cidade, espera-se, com o evento, mobilizar a participação de um público composto por milhares de pessoas residentes na cidade do Rio de Janeiro.

Na cidade do Rio de Janeiro o território simbólico da agroecologia ganha vida. O XII CBA realizará suas atividades de forma descentralizada, ocupando diferentes espaços da cidade do Rio de Janeiro. O ponto de partida será a Fundição Progresso, capilarizada, posteriormente, para os Arcos da Lapa, Circo Voador, Praça do Passeio e região pequena África da Gamboa. Outros pontos importantes de atividades serão a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), a Cinelândia, o Armazém do Campo sob coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o espaço da ONG Ação Cidadania.

O tema do Congresso se traduz por meio dos dizeres “Agroecologia na Boca do Povo”. Trata-se de colocar em evidência não somente a capacidade de produção de alimentos saudáveis e diversos pelas muitas agriculturas, tecidas por agricultores e tantos povos e comunidades no campo, nas cidades, nas águas e nas florestas, mas a necessidade de garantia de acesso a esses alimentos pelos diferentes setores da sociedade, especialmente os mais vulneráveis. Ao mesmo tempo, suscita a popularização da agroecologia como imanente às transformações sociais e ecológicas. A ciência comprometida com uma sociedade justa é aquela que se coloca disposta a construir coletivamente, que encontra sua tessitura epistêmica a partir da possibilidade de aprender e ensinar entre múltiplos saberes, que não se dobra às corporações ou ao ambiente antidemocrático. Na boca do povo, ciência e agroecologia são ressignificadas e encontram lugar seguro na construção de novos horizontes sociais, políticos e ecológicos.

 

A Fundição Progresso

“Coração do XII CBA” e “a casa de todas as tribos e ritmos”: em 1982, um grupo de vanguarda na cultura carioca,  que já vinha revolucionando a cidade desde os anos 1970, com a criação da companhia teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone e, mais tarde, o Circo Voador, decidiu lutar contra a demolição de uma desativada fábrica de fogões e cofres na Lapa, imóvel de grande valor histórico. 

A resistência deu certo, a antiga fundição foi preservada e ao longo dos últimos 20 anos se tornou o maior centro cultural independente do Rio de Janeiro. Atualmente, abriga iniciativas e grupos culturais, entre eles Orquestra Petrobras Sinfônica, Intrépida Trupe, Teatro de Anônimo, Armazém Companhia de Teatro e Rio Maracatu. Com uma grade variada e acessível, o espaço também oferece um leque amplo de cursos e oficinas, que vão do artesanato à realidade virtual.