Vozes de insubordinação na agroecologia: mulheres ecoam lutas por direitos no 12º CBA

Momentos que abordaram o feminismo agroecológico foram uma constante nos diversos espaços de realização do 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia, que ocorreu em novembro de 2023 no Rio de Janeiro (RJ); conheça alguns destaques da luta das mulheres no evento

Mulheres na agroecologia
Mulheres somam forças na luta agroecológica, que só pode existir se houver feminismo, durante a Plenaria de abertura do 12º CBA, em novembro de 2023 no Rio de Janeiro (foto: Tina Diores/CBA)

Uma diversidade de vozes femininas. Vozes cheias de sabedoria, coragem, experiências, ancestralidades e sonhos que caminham em diferentes frentes, e encontram-se em uníssono na agroecologia. O som dessas vozes foi o que conduziu os espaços do 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA), realizado em novembro de 2023 na cidade do Rio de Janeiro. 

A abertura do evento, no dia 20 de novembro, se deu de forma estratégica com a “Plenária das Mulheres”, reunião feminista que lotou a Arena Fundição, anfieatro com capacidade para cinco mil pessoas na Fundição Progresso. 

A maioria do público que ouvia atenta e entusiasmada eram mulheres. Embaladas pela mística e pelas músicas, algumas vezes cantadas pelas palestrantes, as mulheres presentes saíram inspiradas desse momento que marcou a abertura da 12ª edição do Congresso. 

Além disso, o CBA trouxe dentro de sua vasta programação a importância da luta feminista e das diversas pautas levantadas pelos movimentos de mulheres na construção da agroecologia em todo o Brasil. 

Dentre a programação, um destaque foi a “Trilha Feminista”, documento que reuniu todas as atividades relacionadas às mulheres e agroecologia realizadas no evento.

Na Trilha Feminista, estavam sinalizadas as  rodas de conversa, plenárias e oficinas que transversalizaram o tema de gênero e raça nas discussões. Essa programação, por exemplo, contou com o barracão “Gênero, Feminismos e Diversidades na Construção Agroecológica”, que mostrou um reflexo da luta feminista que já é construída diariamente Brasil afora.

Mulheres na agroecologia
Trilha Feminista destacou os eventos relacionados a feminismo e agroecologia no 12º CBA no Rio de Janeiro (imagem: reprodução)

A estrutura do barracão, montada no Passeio Pùblico durante o CBA, abrigou rodas de conversa, atividades autogestionadas, além de uma sala para apresentações de trabalhos acadêmicos, chamadas de “Tapiris de Saberes”. Os Tapiris compartilhados nesse espaço tinham temáticas feministas., os Tapiris de Saberes.

Território, racismo, trabalho invisível e violência foram temas recorrentes nas discussões dos Tapiris. “Acredito num feminismo que constroi luta social, um movimento muito grande de mulheres”, analisa Miriam Nobre, agrônoma, militante da Marcha Mundial das Mulheres e do GT Mulheres da ANA, que esteve presente no espaço.

Realizada no Dia da Consciência Negra, Plenária das Mulheres foi destaque na abertura do CBA

Mulheres na agroecologia
Arena Fundição, na Fundição Progresso, ficou lotada para a Plenária das Mulheres, na abertura do 12º CBA, dia 20 de novembro de 2023 (foto: Isis Medeiros/CBA)

Norteadas pela lembrança de que 20 de novembro é o Dia da Consciência Negra, a Plenária das Mulheres, que abriu o 12º CBA,  pautou o enfrentamento das mulheres da agroecologia ao racismo, trazendo a realidade e os desafios vivenciados nos territórios. 

“Mas também evidenciou os processos de resistência e de construção da agroecologia desde os lugares onde as mulheres vivem, produzem, contribuem para produção e reprodução da vida”, conta Sarah Luiza Moreira, do Grupo de Trabalho de Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), que reúne diversas participantes, como indígenas, quilombolas, negras, de comunidades tradicionais, periféricas, das florestas, das águas, das cidades, entre outras. Divulgar esses processos de resistência agroecológica é essencial para que eles tornem-se inspirações para iniciativas em outros territórios, em outros contextos.

Depois de quatro anos de espera, atravessadas pelo aumento das violências e do conservadorismo, e pela pandemia de covid-19, mais de 4,5 mil pessoas de diferentes partes o Brasil de estavam de volta ao CBA para retomar discussões sobre avanços e retrocessos na construção da agroecologia, incluindo os desafios relacionados à vida das mulheres.

Era grande a expectativa de reencontrar, reunir e fortalecer ações. Vinda do município de Ipiranga, em Alagoas, a agricultora Maria Francisca da Silva Alcântara afirmava a importância de espalhar as informações, buscar e levar: “as sementes do banco comunitário vêm de geração em geração, vêm passando como conhecimento, as avós passam pros pais, os pais passam pra gente, e por aí vai, sem deixar morrer”, ela conta. 

Mulheres na agroecologia
Maria Francisca da Silva Alcântara mostra seu painel no 12º CBA (Foto: Luana Abreu/CBA)

Assim como as sementes, a luta das mulheres é cotidiana e cuidadosamente cultivada nos territórios, pois há muito a se caminhar na construção de uma sociedade mais justa, que as reconheçam enquanto sujeitos de direito. “Levando nossas produções, nossa rebeldia e, corajosamente, nos encontramos depois de um longo período de desmobilização” afirma Luciane Cristina Soares, do GT Mulheres da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA).

A Plenária das Mulheres que abriu as atividades do 12º CBA foi articulada pelos GTs de Mulheres da ANA, da ABA e da Articulação Agroecológica do Rio de Janeiro (AARJ). 

Mulheres compartilham suas experiências e diversificam o campo dos sonhos e das narrativas feministas

Mulheres na agroecologia
Mulheres estiveram à frente do cortejo de abertura do 12º CBA (foto: Ju Chalita/CBA/Greenpeace)

Violências contra as mulheres, desvalorização do trabalho, baixa representatividade em espaços de poder, defesa dos territórios rurais, urbanos e de favela, e soberania alimentar foram alguns dos temas levantados no diálogo da Plenária das Mulheres. 

Roselita Victor de Albuquerque compartilhou a luta das mulheres camponesas em Borborema (PB). Ela é líder no coletivo de agricultoras assentadas que estão no dia a dia da produção agroecológica, enfrentando o machismo arraigado em espaços rurais. “As nossas lutas são aquelas em que as mulheres se colocam para fazer mudança”, destacou.

São muitas as violências vividas e enfrentadas nos contextos intrafamiliares, nas comunidades, nas organizações sociais e também nas instituições de ensino. Também abordando a transformação social proposta pelas mulheres, Isabel Santos, quilombola e professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), ponderou que a luta antirracista começa na escuta: “quando a gente escuta de verdade, escuta o território, escuta o movimento. Quando a gente não escuta o outro, não materializa nada”.

Mulheres na agroecologia
Quilombola Isabel Santos (esq.) foi uma das palestrantes da Plenária das Mulheres na abertura do 12º CBA (foto: Tina Diores/CBA)

Josenilda Maria da Silva, do Grupo de Mulheres Apicultoras em Baraúnas (RN), compartilha: “No dia a dia no assentamento, além do nosso trabalho, a gente tem nossa sede onde discutimos sobre violência contra as mulheres. Na comunidade, é uma coisa que fortalece muito tanto o grupo quanto nós como mulheres, porque estamos sempre conversando se tem alguém sendo violentada”.

Durante a Plenária, mulheres diversas potencializaram suas vozes 

Dialogando com as convidadas, as mulheres presentes na Arena Fundição puderam compartilhar de onde vinham, suas experiências, lutas e enfrentamentos, num momento sensível e esperançoso.

Para Luciane Soares, “abrir o CBA com a Plenária  das Mulheres foi mostrar que, apesar de tantos silenciamentos, nós, mulheres da agroecologia, temos propostas concretas para esse mundo. Trazemos a potência de nossa fala, de nossas práticas e de nossas resistências dos territórios onde vivemos”. Essa luta por memória e reconstrução da história já vem sendo protagonizada pelas mulheres da agroecologia há anos.

Sem feminismo não há agroecologia: mulheres estão na linha de frente da construção agroecológica

Mulheres na agroecologia
Miriam Nobre fala durante Plenária das Mulheres na abertura do 12º CBA (Foto: Tainá Junqueira/CBA)

Agrônoma, militante da Marcha Mundial das Mulheres e integrante da coordenação do GT Mulheres da ANA, Miriam Nobre recordou o levante feito no 10º CBA, de 2017, que ocorreu em Brasília, diante de uma mesa composta apenas por homens brancos, que discutia a história da agroecologia no Brasil.

“A gente fez um protesto, falando que sem as mulheres a memória da agroecologia vai pela metade. A gente fez uma oficina e começamos a resgatar essa história de como o feminismo e a agroecologia tinham se cruzado na nossa vida, então é uma trajetória de muito tempo”, contou. 

Abrir o CBA com a força do feminismo é uma das formas de reconhecer a luta histórica das mulheres na agroecologia. A Trilha Feminista é uma vitória, não sem embates, da potência de transformação das mulheres e o protagonismo dentro da agroecologia brasileira. 

Além da plenária, atividades autogestionadas e conferências durante todos os dias do Congresso deram seguimento à Trilha Feminista. Ocorreram, por exemplo, debates sobre a história da agroecologia, e sobre as cadernetas agroecológicas como ferramentas de construção do feminismo na agroecologia.

Reflexões sobre raça, identidade de gênero e território perpassam o feminismo na agroecologia

Mulheres na agroecologia
Mulheres marcaram presença, muitas vezes em maioria, nas apresentações dos trabalhos relacionados à agroecologia – os Tapiris de Saberes – no 12º CBA (foto: CBA)

Além do lema “Sem feminismo não há agroecologia”, também destaca-se que “Se tem racismo, não tem agroecologia”. As pautas de raça e classe andam de mãos dadas com a de gênero, e vêm sendo incorporadas com mais fôlego nos últimos anos pelo movimento agroecológico. 

Os contextos, territórios e vivências de mulheres são diversos e precisam ser levados em consideração. “Nossa luta afirma a importância de mostrar a pluralidade de mulheres, no plural, porque nós somos muitas. Somos muito diversas, com tantas diferenças étnicas-raciais, de regiões e biomas, tantas gerações e orientações sexuais”, explica Sarah Luiza.

Apenas levando em conta como os marcadores sociais incidem desigualmente na vida das  mulheres, é possível compreender as especificidades dos enfrentamentos necessários para a construção da vida com dignidade nos territórios. “Para dar conta da transformação da vida de todas, têm que mudar as estruturas sociais, econômicas, políticas, culturais”, avalia Miriam Nobre. 

Nobre pondera que considerar a experiência das mulheres negras é importante para identificar violências impostas pelo sistema capitalista, que é colonial, racista e patriarcal. Também é necessário para perceber “a contínua criatividade, força, imaginação e coisas muito concretas que as mulheres negras organizam para manter uma boa vida comunitária e que pode orientar muito a gente por onde ir”, explica. 

Perceber como as questões de raça, classe, sexo, entre outros estriamentos, se combinam e condicionam a existência das mulheres quilombolas, indígenas ou de comunidades tradicionais é uma busca cada vez maior, considerando que a defesa da terra e do território passa também pela defesa da vida das mulheres que neles habitam.

“Tem um chamado de uma defesa das formas tradicionais de fazer agricultura. São tradicionais, mas estão se reinventando o tempo todo. Sendo assim, essa ideia de tempo ao imaginar o futuro é muito ancorada na ancestralidade”, defende Miriam.

Partindo da interseccionalidade e compreensão do território como formador da sociedade e da própria agroecologia, é possível construir uma rede potente, com mulheres de origens, prismas e ações diversas que atuam na construção da agroecologia. “Nos conectamos para poder fortalecer essa rede de práticas feministas em nossos territórios, e isso é de uma potência  incomensurável”, considera Luciane.

Trabalho de cuidados também foi tema discutido entre as mulheres participantes do CBA

Mulheres na agroecologia
Mulheres estiveram à frente de diferentes espaços do 12º CBA; como na cozinha do MTST na Lapa, que forneceu quentinhas a moradores de rua em parceria com o evento (Foto: Ju Chalita/CBA/Greenpeace)

Pauta atual e problema histórico. O trabalho invisível do cuidado desempenhado pelas mulheres vem sendo discutido há anos pelos movimentos feministas e foi visibilizado nacionalmente como tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2023.

Historicamente, mulheres foram socializadas para se responsabilizar pelo trabalho doméstico e cuidado com os filhos, maridos e parentes. Esse trabalho, que é base para todas as outras atividades, não é remunerado ou valorizado. 

Na maioria das rodas de conversa do CBA, o tema emergiu diante da importância ímpar do trabalho do cuidado, que sustenta a economia global. E não é diferente na agroecologia. Mulheres são responsáveis pela reprodução da vida, pelo trabalho doméstico e pelo cuidado com a terra, a produção e os territórios. 

“Não é possível a gente viver dessa forma, que se preocupa com o ambiente, com a terra, com o ar, com as plantas, com a qualidade de vida da natureza, sem nos preocupar com a qualidade de vida de quem está produzindo alimento e trabalhando de forma agroecológica, como as mulheres”, reivindica Sarah Luiza Moreira. 

“Essa disponibilidade frente ao outro é invisível e desvalorizada, porque ela é naturalizada como se fosse uma coisa que constitui o ser mulher, natural”, explica Miriam, evidenciando que as relações são social e historicamente construídas e, por isso, podem e devem ser transformadas. 

Na sociedade contemporânea neoliberal, a participação das mulheres no mercado de trabalho sem uma redistribuição nos afazeres domésticos acarreta ainda mais sobrecarga às mulheres.

Mulheres reinvidicam uma economia feminista

Mulheres na agroecologia
Mulheres foram maioria de público presente na abertura do 12 CBA, quando ocorreu a Plenária das Mulheres (foto: Isis Medeiros/CBA)

Nesse cenário, Miriam defende uma outra economia, que coloque o trabalho de cuidado no centro, a chamada economia feminista. “A gente tem que batalhar bastante para não só ter política pública, presença do Estado, mas conseguir ter laços comunitários, ter a comunidade forte.”, destaca.

Para ela, o primeiro passo para pensar uma nova economia é “tomar consciência dessa enorme quantidade de trabalho, de disponibilidade emocional que as mulheres têm para que a vida funcione”, analisa.

Partindo de como é organizada a contribuição das mulheres na agroecologia, a luta pela visibilidade, valorização e melhor redistribuição do trabalho deve ser feita nos âmbitos privado e público, que impactem a conjuntura dos territórios, comunidades, em escala nacional bem como internacional.

Parte fundamental disso é que as mulheres tenham força política nas relações sociais, sejam elas dentro da família, das comunidades e da sociedade como um todo, para “conseguir que nossas ideias, nossas propostas avancem”, destaca Miriam.

Uma ciência feita com as mulheres e comprometida com a vida

Alessandra Munduruku, da Associação Indígena Pariri e Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa), fala na conferência Garantir a Justiça Climática, no Circo Voador, no 2º dia de CBA 2023 (foto: Ju Chalita/CBA/ Greenpeace)

Pela primeira vez fora dos portões de uma universidade, o CBA buscou colocar o conhecimento acadêmico e os saberes tradicionais, ancestrais e populares em diálogo. Não à toa, o congresso ocupou o centro histórico e cultural do Rio de Janeiro, enxergando a Lapa como um lugar de memória e vozes negras.

“No debate sobre ciência, a gente questiona muito o que são os métodos de organizar o pensamento científico, e o que essa seleção vai deixando de lado. Métodos que vão deixando de fora as nossas experiências”, pontua Miriam. “Nossa discussão também é sobre o que é ciência”. Afinal, como é feita nossa ciência? As mulheres participam dela?

A agroecologia propõe uma ciência baseada no território, na escuta, na vivência e experiência e vem buscando efetivar o diálogo horizontal entre conhecimento acadêmico e popular. “O CBA tem nos mostrado que o  feminismo está muito ancorado na experiência das mulheres que fazem agricultura, nas comunidades tradicionais, e elas fazem ciência”, afirma Nobre.

O acesso de mulheres à ciência e a universidades ainda é restrito, sobretudo para mulheres negras, quilombolas e indígenas. Há um processo lento de democratização da academia, e  Miriam defende que as mudanças que já vêm ocorrendo são frutos desse processo. 

“Essas mulheres estão trazendo ventos muito bons para a universidade, arejando, trazendo um pensamento novo e com isso tem muita coisa boa acontecendo”, conclui Miriam.

Legado do CBA para as mulheres

Mulheres na agroecologia
Josenilda Maria da Silva, do Grupo de Mulheres Apicultoras em Baraúnas (RN) (foto: Luana Abreu/CBA)

“Este evento está sendo ótimo, eu nunca falei tanto da minha experiência como agricultora. Eu me emocionei, as pessoas se emocionaram bastante, porque a gente tá mostrando nosso trabalho, e aprendendo muito”, diz, emocionada Josenilda Maria da Silva, participante do 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia. 

Na bagagem que ela levará de volta para casa, estão muitos conhecimentos a serem compartilhados. “Quando eu chegar lá, vou fazer uma reunião com minhas companheiras. Eu estou sempre mandando as fotos e dizendo a elas que tá sendo ótimo, porque a gente vê o valor que a gente tem, sabe? Eu volto com a mala cheia, muita experiência ótima, volto uma pessoa diferente, renovada mesmo. Na minha vida todinha nunca me senti tão bem num evento como nesse Congresso”, completou.

O sentimento de renovação, dever cumprido e oxigênio para novos trabalhos não são só de Josenilda. Luciane avalia que o congresso como todo deixou um saldo positivo, sobretudo para o trabalho das mulheres na agroecologia.

“São muitas as possibilidades que se abrem a partir desses encontros. Mas sobretudo estamos fortalecidas, convencidas da importância de nossa luta. Seguimos em marcha, em coletiva, em movimento, por um mundo, uma sociedade sem racismo, sem feminicídio, sem patriarcado, em que possamos viver de verdade, com alimento de verdade, sendo donas de nossos próprios corpos”, afirma ela.

A luta por maior participação e valorização do trabalho das mulheres na agroecologia e na política, em seus territórios, ainda precisa avançar. Debates em um evento grande como o CBA, que conta com tantas outras frentes, introduz o debate das mulheres e da luta feminista para outros espaços, tocando novas pessoas e promovendo novas ações, cada vez mais escalonadas. “A gente precisa trabalhar em aliança, mas num processo que é da gente”, defende Miriam Nobre. 

Mulheres na agroecologia
Célia Xakriabá recebe prêmio no 2º FicaEco, no Cine Odeon, durante o 12º CBA (foto: Raquel Ribeiro/LVE-UFRJ/CBA)

Para o feminismo avançar é preciso conversar com outras agendas. Além disso, carece de maior conscientização. “Nossos companheiros, coletivos e organizações ainda precisam perceber seus privilégios, precisam entender o quão  profunda é a nossa invisibilização, nossas subjetividades escondidas na esfera privada da vida”, pontua Luciane.

“Além da nossa presença, participar pressupõe alçar nossas vozes de insubordinação, falar e ser escutadas. Participar com amor de quem acredita em nossa luta agroecológica”, reforça. Por isso que o legado do 12º CBA é que a agroecologia só pode existir em corpos e territórios essencialmente feministas.

Por Luana Abreu e Tainá Junqueira

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